Procurar ajuda pode ser um processo difícil para um homem vítima de violência sexual, que por vezes se remete para o silêncio por não acreditar que seja possível ultrapassar as sequelas deixadas pelo abuso. No entanto, embora seja um percurso trabalhoso, a resolução do trauma é possível e com ela a superação das consequências da violência sexual. Sem encontrar a saída de outra forma, por vezes os homens procuram alívio em comportamentos que se tornam disruptivos e desconfortáveis, que durante um curto período de tempo parecem minimizar a dor, sem no entanto a resolver. É importante que saiba que existe uma saída e que também estes comportamentos podem ser trabalhados e substituídos por outros mais construtivos e funcionais.
Com o apoio adequado e disponibilidade para trabalhar, é possível sentir-se melhor e viver livre dos fantasmas da violência sexual. Questões como a dificuldade nas relações, sejam sociais, íntimas, amorosas, profissionais ou familiares, que em diversas áreas da sua vida impedem a manutenção do equilíbrio e do tão necessário bem-estar e a auto-estima do sobrevivente, são abordadas e resolvidas em terapia. As relações tendem a ser minadas pela desconfiança e pela desorganização emocional que, aliadas à instabilidade e impulsividade, muitas vezes resultam em sentimentos de culpa e a vergonha, extremamente auto-destrutivos. Um processo de recuperação orientado por profissionais especializados, permite ao sobrevivente retomar o controlo da sua vida, aceitando o abuso como parte da sua história, mas não deixando que este o defina.
Desenvolver estratégias eficazes para gerir, diminuir e até resolver a ansiedade e o mal-estar, é parte crucial do acompanhamento, que pode trazer esperança no futuro ao sobrevivente. Esta mudança está presente nos testemunhos de alguns homens que procuraram o apoio da QoS:
“Aos poucos, a minha postura mudou muito. Passei de “eu não mereço estar aqui porque o abuso não me afetou assim tanto” para reconhecer que o que o meu irmão me fez foi errado. Consegui ultrapassar a vergonha e a culpa que sentia, mas que nunca quis mostrar aos outros que sentia.”
“Obrigado por me terem ensinado a gostar de mim e ajudado a perceber que, no dia de hoje, a experiência de abuso pelo qual eu passei já não define mais aquilo que sou.”
“Comecei a descobrir que o mundo tinha cor, não era só cinzento e negro, que havia pessoas boas, e que no fundo eu era uma delas. Hoje acredito sinceramente nisso. Não tive qualquer culpa do que me aconteceu, fui uma vítima. Mas agora sei que mereço viver. “
Saiba que se foi vítima de violência sexual, nunca é tarde para pedir ajuda. Na Quebrar o Silêncio pode encontrar o apoio especializado que necessita para ultrapassar o abuso e resolver o trauma.
