A forma como olha para o abuso de que foi vítima pode levar um homem sobrevivente a desenvolver pensamentos e emoções negativas sobre si. Emoções como culpa, nojo e vergonha podem ser altamente destrutivas e penalizadoras, e podem influenciar a maneira como o homem se vê e ter um grande impacto na sua auto-estima. Podem inclusive levá-lo a magoar-se ou colocar-se em risco, físico e psicológico. Comportamentos auto-lesivos, como condução perigosa, envolvimento em situações de violência, relações sexuais desprotegidas com múltiplos parceiros, ou outra exposição a situações de risco não são incomuns nos sobreviventes de violência sexual. Podem fazer-se acompanhar de pensamentos suicidas e de auto-penalização, como: “se eu morrer não faz mal”, “pode ser que eu tenha um acidente e isto acabe de vez” ou “eu mereço sair magoado”.
No entanto, nem todos os comportamentos são “óbvios” e fáceis de detetar. Também podem apresentar-se de forma mais subtil, como no boicote ou evitamento de relações saudáveis, de empregos estáveis e até de laços familiares. A sensação de que fez algo “mau” e errado leva o sobrevivente a acreditar que não merece coisas boas e fá-lo ter dificuldade em aceitá-las e valorizá-las quando surgem.
Investir no aumento da auto-estima, reconhecer os seus pontos fortes e desconstruir a ideia de que esteve envolvido no seu abuso são passos importantes para a recuperação. É importante lembrar que a responsabilidade do abuso é do abusador e não da vítima e que a violência sexual que sofreu é parte da sua história mas não o define.
Se se identifica com alguns destes pontos ou se experiencia outras consequências que geram mal-estar, contacte-nos através do email apoio@quebrarosilencio.pt ou da nossa Linha de Apoio 910 846 589.
