Não é fácil procurar ajuda e para um homem ou rapaz vítima de violência sexual o desafio pode ser maior e até mesmo paralisante.
“O que vou dizer?”
“Será que vale a pena remexer no passado?”
“Talvez o melhor seja ficar como estou.”
Estas são algumas questões que passam pela mente dos homens enquanto ponderam contactar a Quebrar o Silêncio.
Um passo arriscado
É comum que exista uma sensação de risco, como se houvesse um perigo desconhecido em procurar ajuda. Miguel fala desse sentimento quando arquivou o seu email: “tinha perdido a coragem… Outra vez. Mas a dor continuava… E no dia 5 de Novembro de 2017, carreguei na tecla enter… Tinha enviado… E agora!? O que raio acabaste de fazer?, pensei eu. Passaste uma vida inteira a esconder isso, a não falar disso com ninguém, e agora envias uma mensagem a desconhecidos!?”
«Vir à Quebrar o Silêncio foi uma decisão muito difícil que tomei. (…) Apesar de ter sido difícil, foi uma decisão que mudou a minha vida para muito melhor!”»
Não é fácil, mas para muitos homens o pedido de apoio é um ponto de não retorno e o início do processo de recuperação. J. reconhece que “vir à Quebrar o Silêncio foi uma decisão muito difícil que tomei. A própria tomada de decisão de entrar em contacto com a associação foi um processo – assumir que havia uma questão para resolver, assumir que precisava de ajuda, combater as desculpas que arranjava para mim próprio, combater o estereótipo, a vergonha, o medo. Apesar de ter sido difícil, foi uma decisão que mudou a minha vida para muito melhor!”
Será um risco que compensa?
Um dos homens que terminou o apoio refere que: “A decisão de contactar a Quebrar o Silêncio em janeiro de 2017 foi definitivamente uma das mais importantes da minha vida. Desde então, passei a olhar de uma forma mais positiva para mim e para a minha vida em particular, bem como para o mundo exterior em geral.” Este mesmo homem aponta ainda que “posso finalmente sentir que tenho um futuro mais otimista, desafiante e feliz, ao invés de um mar de receios infundados que não me permitia ver as minhas próprias qualidades.”
O que pode esperar?
A Quebrar o Silêncio foi fundada por Ângelo Fernandes, um homem que foi abusado sexualmente na infância quando tinha 10 anos de idade. Tal como a maioria dos homens que chegam à Quebrar o Silêncio, demorou mais de 20 anos até procurar apoio e falar do abuso pela primeira vez. Por isso, pode esperar da nossa parte, uma resposta especializada em violência sexual contra homens e rapazes, e um serviço de apoio gratuito e confidencial, para que possa ultrapassar o impacto traumático que o abuso teve na sua vida.
Na Quebrar o Silêncio garantimos um espaço seguro em que as partilhas são recebidas sem juízos de valor. Não se preocupe se nunca partilhou a sua história. Muitos homens partilham connosco a sua história de abuso pela primeira vez. José, é um desses casos: “Nunca antes, tinha falado deste assunto com estranhos, só com a minha esposa. Não foi fácil para mim chegar perto de outro homem e assumir que a minha masculinidade já não era pura. Mas o Ângelo, com a sua forma de ser e estar, não me fez sentir como se eu fosse um «extraterrestre».” Na Quebrar o Silêncio respeitamos o seu espaço e o tempo que necessita para avançar.
Motivações para procurar apoio.
Há vários motivos para um homem procurar apoio. Por vezes, o contacto connosco é feito depois de chegar a um ponto de rutura: “Num dia de desespero e de muita angústia, percebendo que não conseguia viver mais com fardo que carreguei toda a minha vida, e já depois de ter tido conhecimento da Quebrar o Silêncio, escrevi um pedido de ajuda.”
Mas nem todos os casos são assim. Há homens que nos procuram porque sentem que o abuso não ficou no passado e querem ultrapassar algumas das questões que continuam presentes. “Acreditei por muitos anos que o abuso sexual que sofri na infância não afetaria a minha vida adulta e que conseguiria sozinho resolver as consequências advindas desse acontecimento.”
Por vezes, uma notícia pode ser um desencadeador para procurar apoio. O importante para nós é que saiba que está em segurança connosco e que não está sozinho.
Não está sozinho, fale connosco.
“Tenho 46 anos e hoje sou capaz de falar de mim, de me abrir com alguns dos que me são mais próximos. Devo esta capacidade a muitos fatores, dos quais um é a Quebrar o Silêncio, que me levou a perceber que não estou sozinho.”
Fale connosco se tiver alguma dúvida ou questão. Não importa se lhe parece ser algo sem importância. É comum que os homens vítimas de violência sexual se sintam confusos, sozinhos e isolados.
Nós podemos ajudá-lo a organizar as suas ideias e pensamentos. Marque uma Sessão de Esclarecimento onde poderá apresentar as suas dúvidas, questões e receios. Muitos homens sentem que a Sessão de Esclarecimento lhes transmite segurança, pois sentem-se validados e ouvidos. Muitos compreendem que não estão sozinhos e que os seus sentimentos e questões são partilhadas por muitos outros homens .
Marque a sua Sessão de Esclarecimento através do email apoio@quebrarosilencio.pt ou da linha de apoio 910 846 589
Os nossos serviços de apoio são confidenciais e gratuitos.