Antes de conhecer a associação “QUEBRAR O SILÊNCIO” a minha vida era cheia de questionamentos, havia algo dentro de mim que era um segredo de infância e ao longo do tempo isso me machucava emocionalmente por nunca ter compartilhado com ninguém o que havia ocorrido. Eu passei por duas situações traumáticas na minha infância, aproximadamente aos 6 anos de idade eu acreditava que tinha reproduzido comportamentos desadequados com a minha irmã e a partir daí cresci pensando que era um abusador e aproximadamente aos 10/12 anos fui abusado por um primo e por isso sentia medo, vergonha e culpa. A partir daí não compreendia porque eu sentia ansiedade, tristeza, solidão, não me sentia merecedor das coisas e isso me levava a não ter prazer em viver. Um dos sintomas que comecei a observar porque eu era tão inseguro nas entrevistas de emprego e, nunca consegui ser aprovado em uma entrevista, isso me deixava desmotivado, autocrítico, e com muita raiva de mim mesmo, passei a sempre depender da minha família financeiramente, mesmo sendo adulto.
Quando estava na faculdade no 3° período em 2016, os sintomas vieram com maior intensidade, não conseguia me concentrar nas aulas, sempre estava desorganizado com as coisas, a procrastinação era um mecanismo de defesa que me prejudicava, pois não conseguia resolver as coisas e foi tornando cada vez mais comum não finalizar uma atividade, sentia raiva de mim mesmo, com alta crença de incapacidade. Nunca tive amigos, sempre fugia de relacionamentos e não tinha alguém que pudesse confiar e compartilhar minhas dificuldades e pedir ajuda. Neste momento tudo que eu podia fazer para lidar com os meus traumas e aliviar as dores era buscar prazer com PORNOGRAFIAS, que com o tempo me deixou ainda mais em um quadro depressivo, comecei a buscar ajuda com medicamentos e sempre buscava as respostas no Google e conhecer histórias de pessoas que passaram por abusos na infância e não foi fácil devido os homens ter maiores dificuldades para se expor.
Mas em 2020 durante a pandemia a crise de ansiedade ficou mais intensa e foi nesse ano que consegui compartilhar minha história com um rapaz que passou pelo mesmo, quando falei pela primeira vez comecei a ter força e buscar ajuda, foram 20 anos de SILÊNCIO.
Em Janeiro de 2022 pesquisando na Internet, conheci a “QUEBRAR O SILÊNCIO” com foco para atender homens que sofreram abuso sexual na infância, e comecei meu acompanhamento semanal com a Dra. Filipa Carvalhinho, uma excelente profissional, dedicada e sempre pronta em ouvir-me e a compreender as minhas dúvidas que outrora não tinha como contar a ninguém. Durante as sessões, muitas memórias vieram à tona, algumas vezes me sentia pior, em outros momentos algumas pessoas me faziam ter gatilhos traumáticos mas, tudo isso fazia parte da minha reconstrução emocional. A Dra. Filipa passou atividades para melhorar a auto estima, auto afirmação, e como eu poderia enfrentar as situações que me incomodavam.
Hoje, me sinto mais confiante, podendo dizer não, me respeitar, e me posicionar diante dos desafios, muitas coisas foram acontecendo durante este processo, antes eu não conseguia contar minha história em público, e pela primeira vez eu consegui, foi uma liberdade e autoconfiança me fez tirar um peso das costas e conhecer as resposta que não, compreendia, não era culpa minha ter passado pelos abusos, em relação à minha irmã e meu primo. O que aconteceu comigo foi de alguma situação traumática que eu simplesmente não entendia mas estava reproduzindo isso, mas ao ter este conhecimento pude ressignificar isso, me deixando mais livre em meus pensamentos. Agradeço a Deus pelo apoio da “QUEBRAR O SILÊNCIO” através do Ângelo Fernandes e Dra. Filipa Carvalhinho. Que este depoimento possa servir de incentivo para outros homens que buscam ajuda emocional para seguir em frente.
Welberth