Tiago – 37 anos


A primeira vez que ouvi falar da Quebrar o Silêncio foi através do portal Sapo e de um dos textos do Ângelo Fernandes. Achei libertadora a ideia que alguém que sofreu abusos sexuais escrever textos sobre os abusos e sobre o apoio psicológico que a associação disponibiliza, mostrando a sua cara numa fotografia e expondo o seu nome. Achei uma ideia que iria acompanhar.

Mas eu não me sentia merecedor. Também eu fui vítima de abusos sexuais mas, ao mesmo tempo, quando era criança eu acabei por reproduzir alguns comportamentos. Por esse motivo eu acreditava que não era merecedor de um apoio destinado a quem sofreu abuso sexual, não estava na mesma circunstância. Para mim, eu acreditava que tinha sido um abusador.

Foi por essa razão que mantive no browser do telefone um separador aberto no formulário de contacto da Quebrar o Silêncio durante meses, muitos meses.

Levei 30 anos para falar em voz alta dos abusos sexuais que sofri.
Valeu a pena entrar em contacto com a Quebrar o Silêncio e pedir apoio