Passei por um abuso sexual que durou quase 3 meses. Foi uma experiência muito desumana e aproveitaram-se da minha vulnerabilidade enquanto criança.
Foram muitas situações e sempre que falava sobre o abuso, não faziam nada. Era como uma história em que não aconteceu nada.
Cresci com imensa vontade de conversar com alguém sobre o assunto. Foi aí que senti necessidade de procurar ajuda e encontrei a associação Quebrar o Silêncio. Achei interessante e senti-me seguro para iniciar um tratamento com eles, pois desde o início me senti ouvido.
Eles dão-nos todo o apoio, orientação e não cobram nada, apenas nos escutam e deixam-nos à vontade para falar. Aos poucos notei que fui tirando de mim aquela coisa ruim, como se fosse uma pedra que eu joguei fora.
Esse é um assunto delicado para muitos e ficamos reféns da impunidade. Quando acontece, ficamos sem chão, pois geralmente acontece na infância ou adolescência; na altura em que não temos maturidade nenhuma para saber o que fazer. Quer dizer, nem as pessoas próximas de nós têm, pois até elas acabam duvidando de nós.
Com o fim do apoio psicológico notei uma grande melhora, tanto que até percebi que me esqueci do abuso. No fim das contas, acho que o que temos necessidade é de ser ouvidos. E a associação Quebrar o Silêncio faz isso com excelência.
Pensei em não escrever este testemunho, mas dentro de mim tinha uma vontade dizendo: “Alguém pode ler a tua história e sentir vontade de se tratar ou que até dê tempo de denunciar.”
Porque estas situações acontecem geralmente nos locais menos prováveis, com pessoas próximas. E por ser tão comum, o pensamento geral é: “não tem como isso ter acontecido, aquela pessoa não faria isso”.
Só tenho a deixar meu muito obrigado, vocês fizeram por mim o que ninguém nunca fez em vários anos.