Antes de conhecer a associação Quebrar o Silêncio estava num estado de desespero e de ansiedade descontrolados, com pesadelos e sem desejo de continuar a viver.
Após ser acolhido pela equipa, percebi que não tinha sido abusado uma vez, como eu relatei nas primeiras consultas. No meu caso fui violado aos 10 anos, pelo coordenador do meu ciclo na escola, que era um padre do Colégio Salesiano.
O abuso tornou-me uma criança introvertida e consequentemente alvo de abuso de amigos mais velhos e até de um dos meus irmãos. Eu era tocado nas partes íntimas e não reagia com medo das ameaças.
Cresci com muitas inseguranças, mas consegui tirar o bacharelado em Administração de Empresas, dedicando 100% da minha vida ao trabalho. O excesso decorrente deste estilo de vida foi responsável por um esgotamento nervoso quando tinha 38 anos, altura em que fui pela primeira vez a uma psicóloga.
Abordei a ansiedade que sentia, mas o assunto do abuso ficava sempre em segundo plano. Depois perdi o emprego, comecei a beber muito, deixei de ter interesse pela vida. Só uma coisa me fazia esquecer os problemas: a arte do desenho e pintura.
Quando comecei as sessões de apoio com a Dra. Filipa na associação Quebrar o Silêncio, consegui desenvolver a minha assertividade e dizer “NÃO” ao que me incomodava, seja na família, com amigos ou em ambientes públicos.
Comecei a sentir mais confiança e acreditar que tenho aptidões para outras atividades, onde me sentia incapaz. Com o passar do tempo, já sendo atendido pela Dra. Cláudia, os pesadelos foram diminuindo e minha autoestima melhorou muito.
Participar do grupo de ajuda mútua dirigido pelo Ângelo foi um reforço na minha capacidade de sobreviver. Ser assertivo e autêntico
Agradeço aos que me acolheram e recomendo imensamente que venham conversar com alguém preparado para o acolhimento e apoio que merecemos. Tenho muito para viver depois de quebrar o silêncio do abuso no passado. E é lá que vou deixá-lo. No futuro só tenho espaço para felicidade.