Ítalo – 29 anos


Como a minha história começou? Com um garotinho, jovem de mais para ser um homem e velho demais para ser uma criança. Quando uma história começa com uma situação trágica e precoce, tendemos a acreditar que é um caso perdido. Ainda pequenos a nossa mente ainda está em formação, é uma das fases mais importantes e que vão nos ajudar a definir como será nossa vida adulta. Somos como uma planta, tudo que interfere naquele momento crucial para o desenvolvimento pode matá-la ou deixá-la danificada de forma que crescerá com um formato errado, “torta”, feia, diferente e sem valor.

Usando essa analogia, eu não me sentia “danificado”, mas morto. Sem perspetiva, sem vontade de viver, infeliz e apenas existia. Como que alguém pode levar anos da vida se sentindo morto por dentro ou desejando dormir e não acordar mais? É triste, mas é real.

Quando procurei ajuda, procurei porque não tinha nada a perder, mas houve uma evolução e de “morto” passei para fase “danificado”, e logo depois de algumas sessões a visão se abriu e eu vi que a vida pode ser bonita, pode ser poética, pode ser apaixonante… nem sempre vai ser assim, mas como eu ouvi em uma das sessões através da Dra. Mariana “Você não é aquilo que te aconteceu, você não se resume ao que te aconteceu”. Engraçado como uma simples frase vira a chave e parece tirar a venda dos olhos.

“EU QUERO VIVER, E VAI SER BOM, ESTÁ SENDO BOM”, é uma frase que repito para mim mesmo. Afinal, viver é uma decisão, eu decidi viver, eu decidi me apaixonar pela vida.

Hoje eu percebo que eu nunca conheci ninguém que me inspirasse, que fosse incrível ou admirável que não tivesse um passado complicado e doloroso. Coincidência? Acho difícil.

Agora deixa eu contar o lado bom depois de sobreviver a esse inferno físico e principalmente mental: após uma decisão, as coisas boas vão ser vividas de formas muito mais intensas, a vida terá mais cor, a nossa amabilidade e empatia pelo próximo será muito mais forte.

Nosso maior inimigo somos nós e nossas mentes, elas precisam ser reprogramadas para conseguir enxergar além daquilo que conhecemos, vivemos e experimentamos. 

O estágio inicial é o mais difícil, mas precisa se manter constante nas sessões e praticar o que de facto ensinam (mesmo que esteja sem vontade ou que pareça não fazer muito sentido), depois os resultados começam a vir como num ginásio. Agora eu posso avançar para outra fase da minha vida! Gratidão a toda a equipa da Quebrar o Silêncio, ao Ângelo, à Dra. Filipa que me acompanhou no início e à Dra. Mariana que deu seguimento as sessões até o fim. É muito bom se sentir amado. De um simples sobrevivente a um homem aventureiro e apaixonado pela vida. Vocês salvaram a minha vida, obrigado.