B – 44 anos


O meu escape foram sempre as drogas e a bebida. Comecei a consumir drogas muito cedo; era a única forma de conseguir fugir da realidade. Eu não queria saber que tinha sido violado mais do que uma vez e queria arrancar isso da minha cabeça. Quando fumava, eu sentia-me bem, sentia-me ausente e longe de tudo. Nada me afetava, eu estava imune de tudo e então comecei a fumar mais vezes e a aumentar a dose.

Foi preciso chegar a um ponto de desespero para perceber que as drogas não me serviam mais e que não havia forma de fugir mais. Cheguei a um ponto em que não tinha controlo da minha vida, eu não tinha acabado os estudos, estava desempregado e não tinha nenhuma relação que fosse boa. Bati no fundo da minha vida e pensei que não havia volta a dar sem ser acabar com tudo.

Felizmente, antes de cometer uma asneira pedi ajuda e a minha vida começou a mudar. Enfrentei os meus medos de frente, tive de me obrigar a enfrentar a realidade e a verdade do que me aconteceu. Não tinha culpa de ter sido violado, eu não era o culpado por isso. Houve uma altura da minha vida em que tudo era negro e eu não via solução para os meus problemas. Mas hoje isso faz tudo parte do passado, parece que aconteceu tudo numa vida diferente em que eu via as drogas como solução. Hoje já não consumo mais e sei que os grupos de apoio foram essenciais para a minha recuperação.