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19 de Março de 2021

Dia do pai: quando o abusador é o próprio pai

Hoje é o dia do pai e, um pouco por todo o lado, são partilhadas mensagens de comemoração. No entanto, este dia pode ser particularmente difícil para os homens que foram vítimas de violência sexual na infância.

Muitos dos casos de abuso ocorrem na família e por vezes o abusador é o próprio pai. Esta dualidade de papéis pode ter um impacto devastador no menino que foi abusado sexualmente. Pode provocar sentimentos complexos e contraditórios, e danos no seu desenvolvimento, nomeadamente na forma como estabelecerá futuramente as suas relações com outras pessoas.

Um dos sobreviventes, que procurou apoio da Quebrar o Silêncio, refere: «fui abusado pelo meu pai quando tinha entre 4 e 6 anos de idade. Depois de tentar suicidar-me 24 anos depois, decidi que precisava de procurar a ajuda que desde sempre senti que não merecia. Houve muita manipulação e sedução inteligente no meu abuso. Era apenas um jogo. Por isso senti que não merecia ajuda.»

Já em idade adulta, o papel de pai pode também ser um desafio difícil para muitos homens que foram vítimas de violência sexual. Para alguns, é este o motivo pelo qual procuram apoio, pois desejam estar presentes na vida dos seus filhos e serem bons cuidadores. T. refere que «quando soube que ia ser pai pensei “Não posso ser um bom pai neste estado de guerra interna” e por isso procurei apoio». M., por sua vez, indica que «estou casado com uma pessoa fantástica que precisa de mim do seu lado e que me deu uma filha linda que merece um pai em paz.»

Para lá das habituais mensagens de comemoração, o dia do pai pode esconder inúmeras situações que são desencadeadoras de dor e sentimentos dolorosos. Sabemos que a violência sexual afeta um em cada seis homens antes dos 18 anos e que na maioria dos casos o abusador é alguém próximo com uma relação de confiança com a criança, como é o caso do pai.
Se este é um dia particularmente difícil para si, queremos que saiba que não está sozinho. Se precisa de apoio contacte a Quebrar o Silêncio: apoio@quebrarosilencio.pt ou  910 846 589