As perspetivas tradicionais da masculinidade têm um importante papel no pedido de apoio de um sobrevivente. As ideias estabelecidas de que um homem deve ser forte, que “homem que é homem aguenta”, que homem não chora… fazem o sobrevivente percecionar o pedido de ajuda como uma fraqueza.
Estas perspetivas tóxicas podem levar o homem sobrevivente a procurar outras formas de expressar o seu sofrimento, através de comportamentos agressivos, auto-lesivos ou de desinvestimento, alimentando sentimentos de isolamento e de solidão. Estes tendem a aumentar o seu sofrimento e a promover pensamentos recorrentes sobre suicídio e até a sua concretização. Para os sobreviventes isto pode representar décadas de silêncio e até resistência no decorrer do processo terapêutico, com uma luta constante contra as suas memórias e emoções.
É importante perceber que um homem também pode passar por situações de agressão e de trauma e que também sofre com as consequências disso. É preciso aceitar que pedir ajuda e procurar apoio não é “dar parte fraca”, é somente ser humano. A aceitação de que o homem também sofre é um passo crucial no processo de recuperação do trauma e de resolução das suas consequências.